Poluição nas lagoas de Jacarepaguá ameaça praias da Barra
quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012Do alto, uma grande mancha verde escorre pelo Canal da Joatinga. A imagem feita na segunda-feira durante um sobrevoo de repórteres do GLOBO sobre as lagoas de Jacarepaguá revela que a poluição continua a ameaçar as praias da Barra. As características e a coloração da água levantam a recorrente preocupação de uma eventual contaminação da região por algas potencialmente tóxicas, como a Microcystis aeruginosa. O Instituto Estadual do Ambiente (Inea) analisou as fotografias feitas pelo jornal e informou que vai analisar amostras de água para saber se a mancha é causada por alguma substância que ofereça riscos para os banhistas.
O biólogo Mário Moscatelli acompanhou o fotógrafo Custódio Coimbra na visita à região, na manhã de segunda-feira. Ele disse que há um risco concreto de a mancha ser provocada pelas Microcystis, que se reproduzem nas Lagoas de Jacarepaguá há mais de 15 anos.
A poluição das lagoas de Jacarepaguá ameaça as praias da Barra. Mas, de acordo com a Gerência de Qualidade da Água do Inea, o fenômeno foi causado pela mudança da maré, que provoca o deslocamento das algas da lagoa até o mar. Essas algas, segundo o órgão, são comuns na lagoa e, sem a coleta de amostras, não é possível precisar qual a espécie delas.
A gerente de Qualidade da Água do Inea, Fátima Soares, garantiu que as praias e as lagoas da Barra são regularmente monitoradas. Apesar disso, ela afirmou que, se não houver análises recentes do trecho, novas amostras serão coletadas ainda hoje.
A Praia do Pepê, há alguns anos, já chegou a ser considerada imprópria devido à presença de algas tóxicas, que podem contaminar o pescado e causar câncer. Moscatelli criticou a postura do Inea.
“A atitude correta seria a prevenção. Se você sabe que há uma bactéria dispersa por todas as lagoas, que se reproduz com esgoto e calor, deve adotar ações preventivas. Não se pode brincar com a saúde das pessoas. Uma coisa é o banhista ter uma diarreia ou micose, outra é ter contato com uma substância que pode causar câncer de fígado”, afirmou o biólogo, acrescentando que, no primeiro sobrevoo, às 10h, avistou a mancha entre o Quebra-mar e o posto de Grupamento Marítimo dos Bombeiros e, no segundo, por volta de meio-dia, já chegava à Praia do Pepê.
O trecho entre o Quebra-mar e a Praia do Pepê é normalmente considerado impróprio para o banho pelo próprio Inea, depois de uma análise dos níveis de coliformes fecais que chegam com as águas da lagoa ao mar.
Fonte: O Globo