Mais visibilidade para a periferia em Jacarepaguá
segunda-feira, 15 de outubro de 2012No dicionário, periférico é o adjetivo relativo à periferia. Mas, no projeto “P.E.R.I.F.É.R.I.C.O”, cuja primeira edição será realizada no Espaço Cultural Escola Sesc, em Jacarepaguá, de amanhã a sexta-feira, o conceito faz mais sentido quando associado a palavras como inclusão, integração e troca. Serão cinco dias dedicados a manifestações artísticas que ocorrem ao largo dos holofotes nas grandes metrópoles.
Com a proposta de aliar formação à experimentação, a programação do “P.E.R.I.F.É.R.I.C.O” contemplará diversas linguagens, de artes plásticas a literatura; de teatro a produção audiovisual. Todas as atividades serão gratuitas. Haverá espetáculos e oficinas de teatro e música, ateliês de fotografia, DJ e grafite, ciclos de leituras dramatizadas, seminários e debates, que poderão abordar a produção cultural marginal ou a educação no Brasil.
— O critério usado para selecionar os artistas foi baseado numa política de desenvolvimento local de periferias. No que se refere à curadoria, o maior recorte foi feito em torno de atividades que trouxessem reflexão social e envolvessem trocas afetivas e simbólicas — explica Tahíba Chaves, produtora do evento.
Entre os artistas e palestrantes convidados figuram talentos estrangeiros, oriundos da Europa e da América Latina, e brasileiros, como a Banda dos Corações Partidos e o DJ Jean Mafra, além de grupos estreantes e veteranos, vindos de estados tão diferentes quanto Sergipe e Rio Grande do Sul, tecendo uma programação heterogênea.
— Os grafiteiros selecionados para a oficina de arte urbana são referências importantes do cenário carioca. O Ment e a Anarkia já estão se destacando, inclusive, no circuito mundial; o Brutto é um talento local, aqui da Zona Oeste, e o Afa é a revelação do grupo — conta Airá Ocrespo, artista e organizador da atividade, que irá colorir os muros do espaço, inaugurando uma galeria a céu aberto na Escola Sesc.
Desenhada para que o frequentador tenha um processo de imersão ao longo do dia, a programação começa às 10h, com oficinas e seminários, e estende-se até a noite, sendo encerrada, geralmente, com apresentações teatrais ou shows de música. A previsão é que, durante a semana, haja aproximadamente sete mil pessoas circulando pelo lugar.
— O foco é atrair o público de Jacarepaguá e do entorno, mas os de outros bairros também são bem-vindos — esclarece Leonardo Minervini, o outro organizador do projeto.
Localizado no campus da Escola Sesc de Ensino Médio, o Espaço Cultural inclui um teatro com 600 lugares, porão, foyer, galerias de arte, salas de dança, canto e piano, cafés e bibliotecas. Entre as mais de 200 atividades já oferecidas desde a inauguração, em 2009, destacam-se as do “Festival Palco Giratório”, cuja quarta edição foi realizada no mês passado, com apresentações gratuitas de 24 peças de companhias de várias partes do país.
Ineditismo marca a primeira edição
Atrações inéditas no país figuram entre os destaques da primeira edição do “P.E.R.I.F.É.R.I.C.O”. Uma delas é o espetáculo “Brigada Dadá”, concebido por dois grupos teatrais europeus: o francês Compagnie Janvier e o espanhol Compañia Punto Clown. Inspirada em filmes e séries de TV policiais, a peça se vale de elementos da mímica e da comédia para parodiar o universo da espionagem.
Para a atividade Leituras Periféricas, outro début: textos oriundos de países da América Latina e Central, ainda inéditos no Brasil, ganham interpretações dramáticas. São eles o mexicano “O papai está na Atlântica”, que narra um diálogo entre irmãos acerca da questão da imigração; o cubano “Daniel e os leões”, sobre as percepções de uma criança internada num hospital; o boliviano “Desaparecidos”, em que quatro personagens debatem o amor entre homens e mulheres; e a fábula venezuelana “Dois amores e um bicho”, um tratado sobre intolerância social.
— Os textos surgiram a partir de um trabalho de garimpagem do gestor do Espaço Cultural Sidnei Cruz e do crítico e poeta Carlito Azevedo. Todos foram extraídos do acervo da Casa de las Américas, em Havana, e estão bem alinhados, em termos de discurso e produção dramatúrgica, ao projeto — conta Tahíba Chaves.
Todos os trabalhos foram traduzidos e incorporados à coletânea literária “P.E.R.I.F.É.R.I.C.O — Dramaturgias Latinoamericanas”, que será lançada durante o projeto e terá 250 exemplares distribuídos gratuitamente.
Outro destaque da programação será a montagem “Pela janela”, do Grupo Caixa Cênica, de Sergipe, que promete mostrar no palco um comovente retrato da intimidade de um casal desgastado pelo tempo. A peça encerrará a noite de estreia.
Já o monólogo “Susuné — Contos de mulheres negras”, baseado nos escritos da colombiana Amália Lu Posso Figueroa, é interpretado por Carolina Virguez e traz reflexões sobre questões de identidade, memória e etnia.
Para mais informações, acesse o blog teatroescolasesc.wordpress.com.
Fonte: Jornal Extra
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